Arquivos são criptografados, o que evita acesso a material íntimo, caso celular seja roubado
RIO – Têm sido muito frequentes casos da chamada “pornografia de vingança”, quando alguém, inconformado com o fim da relação, publica na internet fotos e vídeos íntimos da parceira (ou parceiro). Foi pensando em como as pessoas podiam se proteger deste tipo de exposição que o australiano Antony Burrows criou o Disckreet. Trata-se de um aplicativo que promete evitar que esse material vá parar na web.
Para usá-lo, cada um dos parceiros tem que criar um código de acesso. Assim, podem gravar ou importar fotografias e vídeos, que só poderão ser acessados quando as duas senhas forem digitadas. A intenção é evitar que, com o término do relacionamento, um dos dois publique as imagens por vingança. Segundo Burrows, todos os arquivos são criptografados, o que evita que sejam acessados mesmo que o celular ou tablet sejam roubados. O Disckreet está disponível para iPhone e iPad e pode ser baixado por US$ 0,99.
Para que funcione, é importante que o casal não compartilhe suas senhas um com o outro.
— É uma questão de maturidade. O outro só tem a agradecer. É uma forma de dizer: ‘Eu me prezo, sou seguro, e espero isso de você também’. É uma oportunidade de demonstrar a seriedade daquela relação e o cuidado que você tem consigo mesmo e com o outro — diz o sexólogo Amaury Mendes Júnior.
A pornografia de vingança vem sendo combatida com leis mais rígidas. Em 2014, nos Estados Unidos, Noe Iniguez, de 36 anos, foi condenado a um ano de prisão depois de publicar fotos da ex-namorada de topless na página do Facebook do empregador da moça. Ele foi a primeira pessoa no país a ser presa por um crime deste tipo. No Brasil, muitas mulheres vêm ganhando processos contra os ex-namorados.
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— É uma coisa sórdida e mesquinha. Você nunca sabe realmente com quem está brincando ou se estimulando. É preciso que haja muita confiança. E até atingir este nível de relação demora. Hoje em dia, as pessoas estão muito precipitadas.
Um caso diferente, porém, chamou a atenção no Brasil no ano passado. Dois desembargados de Minas Gerais culparam uma jovem que havia entrado na Justiça com uma ação contra o ex-namorado. Após o fim da relação de um ano, ele começou a enviar fotos dela, nua, para amigos, colegas de faculdade e familiares dela. No julgamento, ocorrido em julho de 2014, a juíza Andreísa Alves condenou o réu a pagar uma indenização de R$ 100 mil por danos morais à ex-namorada. Ao chegar ao tribunal, no entanto, a decisão se reverteu. Dois dos desembargadores que analisaram o caso entenderam que a vítima colaborou “de forma bem acentuada e preponderante” para o crime e reduziram o valor da punição para R$ 5 mil.
Ao redor do mundo, campanhas vêm sendo criadas para conscientizar as pessoas do problema. Na Nova Zelândia, por exemplo, Em #MyBodyMyTerms, homens e mulheres posam nus para chamar a atenção para o problema da criminalização da vítima. “Fotografar ou posar nu para uma foto não me torna uma prostituta”, diz uma das participantes do vídeo.
Fonte: O Globo1