Em 40 anos, a mortalidade infantil no Brasil de crianças até cinco anos caiu 86,6%, segundo dados da pesquisa Estatísticas do Registro Civil 2014, divulgada nesta segunda-feira (30). O estudo compara, pela primeira vez, o país de 1974, quando os dados passaram a ser sistematizados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com o de 2014.
Em 1974, as mortes de menores de cinco anos representam 35,6% do total. Já em 2014 esse índice caiu para 3,1%. A queda se repetiu nas mortes de menores de um ano, passando nas últimas quatro décadas de 28,2% para 2,7%.
“Conforme foi-se fazendo saneamento básico, melhorando as condições sociais, essa mortalidade infantil caiu muito, apesar de ainda estamos longe de países desenvolvidos”, afirma o pesquisador Fernando Albuquerque, coordenador do núcleo de população e indicadores sociais do instituto. Ele cita como exemplo o Japão, em que as mortes de menores de cinco anos representam 0,33% do total.
Ao mesmo tempo, no entanto, a proporção de mortes violentas com relação ao total de óbitos cresceu cerca de 59%, indo de 6,4% em 1974 para 10,2% em 2014. Quando se foca na população masculina, esse número, que representava 76,2% há 40 anos, chega, em 2014, a 84,2%.
Para o IBGE, esse fenômeno é “típico de países que experimentaram um rápido processo de urbanização e metropolização sem a devida contrapartida de políticas voltadas, particularmente, para a segurança e o bem-estar dos indivíduos que vivem nas cidades”.
Objetivo do milênio
O avanço no indicador que mede a mortalidade infantil colocou o Brasil entre 62 países que conseguiram alcançar o Objetivo do Milênio da ONU de corte de dois terços nos índices de mortalidade infantil entre 1990 e 2015. Das 61 mortes registradas a cada 1.000 nascimentos em 1991, o país chegou a 16 a cada 1.000 em 2015, segundo o relatório Levels and Trends in Child Mortality (Níveis e Tendências de Mortalidade Infantil) 2015 divulgado em setembro pelas Nações Unidas.
Os brasileiros também estão vivendo mais, elevando a idade de óbito, hoje concentrada na população acima dos 65 anos. Há 40 anos, as mortes da população nesta faixa etária representavam 27,3% do total. Em 2014, esse número passou para 56,9%.
Nas últimas quatro décadas, as mulheres brasileiras também passaram a ter filhos mais tarde. Entre 1976, primeiro ano que o IBGE coletou esse dado, e 2014, os nascimentos do grupo de mães de 30 a 34 anos cresceu 33%, passando de 15% para 20% do total; enquanto os do grupo de 35 a 39 anos aumentaram cerca de 35%, indo de 7,4% a 10%.
Mortes violentas
Os Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, no entanto, apresentaram melhoras significativas nesse indicador. No Rio, a mortalidade masculina por causas violentas passou de 131,5 em 2004 para 93,3 a cada 100 mil homens em 2014, e em São Paulo, de 125,7 para 91,6 por 100 mil no mesmo período. Já Alagoas apresentou o maior aumento –de 73 para 160,8 mortes a cada 100 mil.
Fonte: UOL