A falta de representatividade feminina na política não é apenas um problema numérico, a mudança é necessária agora e exige o esforço de toda a sociedade
É uma verdade amarga: nem as netas das nossas netas testemunharão a igualdade de gênero na política brasileira. Este dado desolador, revelado por um levantamento divulgado pelo Think Olga recentemente, indica que ainda faltam seis gerações para alcançarmos uma paridade efetiva com os homens no cenário político.
Mas o povo percebe a falta de representatividade. Segundo o Instituto Update, 52,4% da população está insatisfeita com a representatividade feminina no Congresso Nacional. Como era de se esperar, esse sentimento é ainda mais intenso entre as mulheres, que percebem diariamente a falta de vozes femininas nas esferas de poder. Nos últimos 20 anos, as mulheres ocuparam menos de 10% dos cargos de liderança no Congresso, um reflexo claro da resistência estrutural existente.
Nas eleições de 2022, apenas 33,8% das candidaturas foram femininas e, destas, somente 18% foram eleitas. A situação nos governos estaduais não é diferente: apenas Pernambuco e Rio Grande do Norte elegeram governadoras. Esses números revelam um sistema político que ainda vê a participação feminina como uma exceção. Mostram um modus operandi que corrobora com a ideia absurda de que estão fazendo um “favor” de “permitirem” a presença feminina nos espaços políticos de decisão.
O Fórum Econômico Mundial, em seu relatório Global Gender Gap, estima que ainda levaremos 134 anos para alcançar a paridade de gênero em áreas essenciais como saúde, educação, política e economia. No Brasil, a situação é particularmente preocupante no que tange à participação política, com um índice que caiu de 26,3% em 2023 para 22% em 2024.
A falta de representatividade feminina na política não é apenas um problema numérico. De fato, como afirma o clichê, “representatividade importa”, mas precisamos urgentemente, na política, de mulheres comprometidas com pautas progressistas, que trabalhem por um mundo mais justo, igualitário e sustentável. Mulheres que não apenas ocupem espaços de poder, mas que também tragam mudanças significativas, defendendo iniciativas que beneficiem principalmente aqueles em situações de vulnerabilidade.
A mudança é necessária agora e exige o esforço de toda a sociedade. A igualdade de gênero na política não deve ser vista como um objetivo distante, mas como uma meta urgente que devemos perseguir.
Ainda que não possamos alcançar a equidade de gênero na política no tempo em que vivemos, não podemos nos dar ao luxo de desistir. A cada passo que damos, mesmo que pequeno, estamos perto de espaços de decisão e poder mais justos e igualitários. E vamos seguir caminhando, pois cada avanço conta.
Fonte : Carta Capital