Ministra do Meio Ambiente afirmou em plenária que sucesso da COP em Belém, em 2025, dependerá dos resultados da cúpula em andamento em Dubai
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A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pediu que os países desenvolvidos assumam a liderança num processo global para abandonar o uso do petróleo e outros combustíveis fósseis.
Ela disse ainda que o sucesso da COP30, que será realizada em Belém do Pará em 2025, depende dos resultados do encontro em andamento em Dubai.
“Se por um lado é clara a necessidade de que todos os países coloquem o pé no acelerador das energias renováveis, por outro, precisamos fazer inadiável e simultâneo esforço de países produtores e consumidores para tirar o pé do acelerador das energias fósseis. O esforço é de todos, mas os países desenvolvidos devem liderar este processo de desaceleração”, disse ela.
O discurso de Marina faz parte dos esforços de negociação do governo brasileiro, que defende que os países ricos sejam os primeiros a cortar a produção e consumo do petróleo.
Segundo a lógica dos negociadores brasileiros e de outros países que defendem a mesma posição, as nações ricas foram as que historicamente mais emitiram gases do efeito estufa. Além disso, os ricos detém recursos e tecnologias que permitiram uma transição mais rápida para outras fontes de energia limpa.
As nações em desenvolvimento, por seu lado, teriam prazos maiores para continuar utilizando combustíveis fósseis –o que daria tempo, por exemplo, para que o Brasil continuasse extraindo o petróleo do pré-sal e, eventualmente, da foz do rio Amazonas.
Uma das principais questões em discussão na COP 28 está relacionada ao fim do uso dos combustíveis fósseis no sistema de energia global, com a sociedade civil, a ONU e alguns países defendendo que seja estabelecido um prazo para que o petróleo deixe de ser explorado e consumido.
Os grandes produtores, no entanto, fazem lobby para que a questão sequer seja mencionada na resolução final do encontro.
Além de defender que os ricos parem de usar petróleo primeiro, a ministra brasileira ainda defendeu a criação de um órgão específico para cuidar dessa transição.
“Penso ser fundamental criar na esfera da UNFCCC, instância de discussão e negociação para tratar desse tema com a requerida urgência. As respostas que levam em conta as diferenças e circunstâncias nacionais e as alternativas de desenvolvimento social e econômico, principalmente para os mais fragilizados”, disse ela.
A ministra continuou, lembrando que o Brasil vai receber a COP em dois anos.
“Em 2025, o Brasil receberá a COP30, na cidade de Belém. O sucesso desse encontro dependerá de conseguirmos aqui na COP28 aprovar um Balanço Geral alinhado com 1,5ºC em todas as suas dimensões: nas ações pré-2030, nas recomendações para as futuras NDCs, no compromisso dos novos financiamentos e meios de implementação e em um Objetivo Global de Adaptação condizente com os riscos reais, sobretudo para as populações mais vulneráveis”, afirmou.
O Brasil tem liderado discussões na COP28 do que tem chamado de “Missão 1.5”, numa referência a tentativas de que todas as políticas adotadas na cúpula do clima se refiram a esforços para que o aquecimento global seja limitado a 1.5 grau Celsius, em média, em relação ao período pré-industrial.