Mais mulheres estão morrendo por uso abusivo de álcool no Brasil. Entre os anos de 2010 e 2021, houve o aumento de 7,5% de mortes e de 5% das internações entre as pessoas do gênero feminino, quando comparadas as taxas por 100 mil habitantes.
Os dados foram divulgados na quinta edição da publicação “Álcool e a Saúde dos Brasileiros: Panorama 2023”, levantamento anual elaborado pelo Cisa (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool), nesta quarta-feira (26).
De acordo com Mariana Thibes, socióloga e coordenadora do Cisa, esse aumento pode ser resultado da sobrecarga que mulheres sentem por acumular muitas atividades como cuidar da família, da casa, estudar e trabalhar fora.
As mulheres nessa faixa adulta usam o álcool como uma forma de relaxar e lidar com dificuldades do acúmulo de atividades do dia a dia. Durante a pandemia a gente viu muito isso acontecer, a mulher que postava uma foto nos stories com uma taça de vinho dizendo que aquele era o único jeito de relaxar, e aí essa taça de repente viraram duas, três, uma garrafa, e aí se instala o problema.
Mariana Thibes, socióloga e coordenadora do Cisa.
O organismo feminino é mais suscetível aos efeitos nocivos das bebidas alcoólicas, biologicamente. Por isso, elas costumam sofrer com as consequências —como doenças ligadas ao consumo— mais cedo do que os homens: enquanto nelas os problemas relacionados ao álcool aparecem por volta dos 45 anos, eles só sentem os sintomas a partir dos 55 anos.
Jovens bebem cada vez mais cedo, e homens reduzem consumo Em 2021, crianças e adolescentes entre 0 e 17 anos responderam por 2,4% das mortes e por 11,3% das internações. Na faixa etária seguinte, dos 18 aos 34 anos, a participação foi de 7% e 17,8%, respectivamente. Entre 35 e 54 anos, por 19,2% e 26,6%. A média de idade em que se inicia esse consumo é aos 12,5 anos.
A melhor forma da gente tratar essa questão é fazendo a prevenção. O uso de álcool antes dos 18 anos afeta a formação do cérebro humano, que só termina de se desenvolver depois dos 23 anos.
Mariana Thibes, socióloga e coordenadora do Cisa.
Entre os homens, foi registrada queda de 8% das mortes e de 13% das internações. Na população como um todo, houve redução de 4,8% e 8,8%, respectivamente, após o pico de mortes no primeiro ano da pandemia de covid-19.
“Uma coisa que está interferindo nessa queda entre homens é: uma das maiores causas de morte relacionada ao uso de álcool é acidente de trânsito. E quando você tem uma política pública consistente com uma lei seca, por exemplo, você já começa a olhar o resultado, né? A gente viu que os acidentes de trânsito por uso de álcool caíram cerca de de 32% entre 2010 e 2021”, diz Thibes.
Fonte: VivaBem Uol