Mesmo com a luta pela igualdade salarial, as mulheres ainda estão em desvantagem: elas recebem 78% do que os homens ganham. É o que mostra a Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (3).
O levantamento foi feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) entre 2012 e 2020.
A diferença entre o que ganha um homem e uma mulher é de mais de 20%. Os valores se referem ao rendimento médio real por mês, já considerada a inflação do período.
2012
Mulheres: R$ 1.806
Homens: R$ 2.468
Ou seja, mulheres ganhavam o equivalente a 73,18% do rendimento dos homens.
2019
Mulheres: R$ 1.951
Homens: R$ 2.531
Ou seja, mulheres ganhavam o equivalente a 77% do rendimento dos homens.
2020
Mulheres: R$ 2.037
Homens: R$ 2.608
Ou seja, mulheres ganhavam o equivalente a 78,1% do rendimento dos homens.
Áreas de atuação
A pesquisa também mostra as áreas da economia em que as mulheres mais ocupam postos de trabalho. A categoria “administração pública, educação, saúde e serviços sociais” é onde elas têm a maior presença: são 9,8 milhões de mulheres empregadas, contra 5,8 milhões de homens.
Na construção civil, por outro lado, eram apenas 263 mil mulheres empregadas em 2020, contra 6 milhões de homens.
População e idade ativa cai
Analisando toda a situação do emprego, a porcentagem de pessoas em idade ativa trabalhando caiu cinco pontos percentuais de 2019 para 2020, chegando a 51%.
É a primeira vez, segundo o IBGE, que essa taxa cai para perto dos 50%.
O número conta as pessoas desocupadas e subutilizadas (aqueles que podem trabalhar por mais horas do que realmente cumprem nas jornadas). Os jovens de 14 a 29 anos foram os mais afetados.
“A desvantagem estrutural para esse grupo é conhecida, uma vez que a ocupação dos jovens tende a ser atingida com maior intensidade em contextos de crise e costuma ter o restabelecimento mais lento. “
IBGE
Ano prejudicado pela pandemia
No geral, os dados mostram que a pandemia prejudicou todo o mercado de trabalho, desde a ocupação das vagas de emprego até saúde e habitação.
O consumo médio dos integrantes das famílias caiu 6,2% no ano passado, um resultado pior que o de 2019, que já foi ruim (-4,8%).
Na avaliação dos pesquisadores do IBGE, o cenário econômico desfavorável, que já havia trazido impactos negativos, “agravou-se excepcionalmente em 2020, o que foi percebido na maior parte dos indicadores analisados”.
A taxa de ocupação de empregos caiu de 56,4% em 2019 para 51%, enquanto a taxa de subutilização (pessoas que trabalham menos de 40 horas semanais, mas que queriam e estariam disponíveis para exercer uma carga horária maior) subiu de 24,4% para 28,3%.
O número pode ser explicado pelo BEm (Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda), que reduziu a jornada de trabalho em até duas horas no ano passado (e parte de 2021), com corte temporário nos salários para evitar demissões.
O percentual de desempregados aumentou de 11,8% para 13,8% em um ano.
Os pesquisadores do IBGE notaram uma tendência “contrária à esperada” quando esses dados são comparados com outros momentos adversos da economia, como em crises econômicas anteriores.
“Os resultados mostram o particular efeito da pandemia, uma vez que, diferentemente de crises anteriores, o trabalho sem carteira e por conta própria não foram capazes de absorver a força de trabalho ociosa. Ao contrário, a natureza da crise atual fez com que essas categorias fossem relativamente mais prejudicadas.”
IBGE
Sem benefícios sociais, renda seria 6% menor
Em 2020, em um cenário simulado pelo IBGE no qual não houvesse programas sociais de transferência de renda, o rendimento domiciliar médio per capita (ou seja, por integrante da família) do Brasil teria sido de R$ 1.269, uma diferença de cerca de 6% em relação à média paga com Auxílio Emergencial, Bolsa Família e outros programas, que foi de R$ 1.349.
O estudo mostra que esse percentual é superior às diferenças observadas em 2012 (1,6%) e em 2019 (1,7%).
Fonte: UOL