A terceira edição do Universa Talks, dedicada a entender e discutir quais padrões ainda são impostos aos corpos femininos e os caminhos para aceitação e fortalecimento da autoestima, teve na abertura do evento, Joice Berth, escritora, arquiteta e urbanista.
Passando pela própria trajetória, Joice, que é autora do livro “O que é Empoderamento”, contou como conhecer e aceitar a si mesma ajudou a superar as adversidades que enfrentou ao longo da vida, sem que o entorno a abalasse. “Considero que a autoestima tenha sido meu trampolim para a sobrevivência, para me reconstruir e me refazer”, contou
O processo de se gostar parece levar tempo – tanto para mulheres, como também para homens. A questão é que elas parecem levar mais tempo em sua jornada. E até os 40 anos, são menos seguras e tem menos autoconfiança do que eles. Foi o que revelou pesquisa publicada em junho pela Harvard Business Review, a partir das respostas de 8.665 pessoas, dos quais 44% eram homens. O mesmo estudo mostrou que a autoestima varia com o passar do tempo e depende das experiências vivenciadas por cada um.
Uma construção contínua
Esses resultados ecoaram nas palavras de Joice Berth, que lembrou o quanto mulheres enfrentam mais limites e normas nos espaços sociais dedicados a elas. De acordo com ela, faltam estímulos para que as pessoas invistam nas relações com si mesmas, em autoconhecimento e em desenvolvimento interior. “Entendi em minha jornada e a maneira como me relacionava comigo mesma importava mais que a aparência”, explicou.
Sobre beleza e aparência contudo, a arquiteta considera que estes são pilares importantes no caminho de fortalecimento da autoconfiança. “Imposições estéticas, sobretudo para mulheres negras, são meios de opressão”, lembrou. “Um processo positivo com a autoimagem é necessário para a autoestima”.
Outro aspecto abordado por Joice em sua fala de abertura foi a questão da autodeterminação, em uma referência à obra da socióloga e ativista norteamericana Patricia Hill Collins. “Acredito que nós possamos determinar exatamente quem somos, quem precisamos ser e onde temos que estar”, disse ao explanar o conceito que atenta para a necessidade de falar por si mesma e elaborar uma agenda própria rumo ao empoderamento.
Embora cada história carregue suas particularidades e a arte de aprender a gostar de si seja uma construção contínua, Joice acredita que estejamos todos mais conscientes da importância de nossas jornadas individuais e como elas podem reverberar coletivamente na sociedade. “É um ato político, que ao transformar nossas consciências, pode transformar muitas vidas”, conclui.
Assista ao evento na íntegra: Universa Talks
::O evento Universa Talks – Conversas sobre autoestima, reuniu mulheres incríveis para falar de beleza, quebra de padrões e aceitação, em 4 de novembro de 2020::
Fonte: UOL Universa