Ambulatório de Sexualidade voltado para mulheres com câncer ginecológico do INCA inspira novos projetos de assistência especializada
Inaugurado em janeiro de 2017, no Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Rio de Janeiro, o primeiro ambulatório de sexualidade para pacientes com câncer ginecológico no Brasil está perto de celebrar seu terceiro ano e já se tornou, em 2019, referência nacional para o surgimento de um novo local de atendimento com este enfoque.
O atendimento em Manaus começou em abril, um projeto muito especial que teve a consultoria técnica da enfermeira Carmen Lúcia de Paula, que coordena o trabalho no INCA. Agora o Hospital Universitário Getúlio Vargas da Universidade Federal do Amazonas (HUGV), que faz parte da rede EBSERH (gerida pelo Ministério da Educação) desde 2013, também conta com seu Ambulatório de Sexualidade.
O atendimento no ambulatório no INCA teve muita repercussão e gerou interesse de profissionais de diversos locais do mundo. Ele é realizado por uma equipe formada por enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, médicos, psicólogos e assistentes sociais, que atuam de forma interdisciplinar. O foco do ambulatório é oferecer a continuidade do cuidado a mulheres com câncer ginecológico na rede pública. Sempre atenta e sensível à fala das pacientes, a enfermeira Carmen Lúcia de Paula destaca que este atendimento especializado tem como objetivo atender à proposta do SUS no que diz respeito à “integralidade do cuidado”. Atuando há mais de dez anos no ambulatório de Oncoginecologia, ela realiza consultas de acolhimento, pós-radioterapia e sexualidade.
Ao longo do período de funcionamento do Ambulatório de Sexualidade no INCA, Carmen recebeu diversos convites para levar a experiência até pessoas e universidades. O que acabou gerando frutos importantes, agora em Manaus.
“Eu sou mastologista, trabalhava com mulheres com câncer de mama e vendo suas necessidades, eu questionava como poderia melhorar os atendimentos no que diz respeito à sexualidade. Vi a notícia sobre o Ambulatório do INCA e procurei saber. A Carmen nos orientou e auxiliou muito na implantação. Como sabíamos que com relação às questões da sexualidade as mulheres precisavam de assistência, quisemos inserir este ambulatório em nosso serviço”, destaca a médica Cintia Cardoso Pinheiro, que coordena o Ambulatório de Manaus. Cintia veio ao Rio e acompanhou o atendimento no Ambulatório de Sexualidade do INCA e teve a certeza de que seria possível concretizar a ideia em Manaus. Profissionais de medicina, enfermagem, psicologia e fisioterapia atuam neste novo projeto, assistindo pacientes com câncer em acompanhamento.
Questões relacionadas à sexualidade sempre foram uma preocupação presente na vida de muitas pacientes. Mas ao receberem o diagnóstico de câncer e serem submetidas ao tratamento, essas questões se potencializam. “Quando uma mulher recebe o diagnóstico de câncer, chegam muitas informações. Ela precisa de tempo, atenção e oportunidade para tratar e abordar assuntos como a sexualidade e encontrar atenção, proteção, atendimento integral. Precisa identificar profissionais que a vejam como um todo dentro do Sistema de Saúde”, destaca Carmen Lúcia de Paula. Para ela, o tratamento de mulheres com câncer deve abordar o lado emocional e questões importantes ligadas ao cotidiano, a exemplo da sexualidade.
A ideia de expandir um serviço como este em outros hospitais também anima Cintia. “Sim, é possível e o ideal é que os serviços que tratam câncer possam oferecer este acolhimento e orientar as pacientes no que se refere à sexualidade. Foi com um simpósio em 20 de setembro, em Manaus, que pudemos debater mais amplamente sobre esta questão. É um acolhimento especializado, um trabalho importante”, destaca ela.
Segundo a enfermeira Carmen Lúcia, foi importante compreender, ao longo da experiência com o ambulatório, que as necessidades das pacientes são diversas e que o atendimento integral ajuda a amparar a mulher que sofre com câncer de forma completa, tratando de questões que não devem ficar esquecidas. “No ambulatório consultamos, ouvimos de forma ativa e sensível, esclarecemos dúvidas e encaminhamos as mulheres que precisam para especialistas, oferecendo a continuidade do cuidado. Lembrando que a questão da sexualidade não é só o sexo em si”, esclarece Carmen. “Dentro de um conceito mais amplo, entendemos que o adoecimento compromete a vida e a saúde das mulheres como um todo. E o desconforto causado pelo tratamento pode ser relacional, emocional e físico. Questões como medo, ansiedade, ressecamento vaginal, estenose vaginal, isolamento social, depressão, dor, insônia, falta de conhecimento, entre outras, são identificadas e tratadas pela equipe”, ressalta a enfermeira.
Para Carmen, abordar e acompanhar as mulheres no ambulatório tem feito diferença e contribuído efetivamente para a recuperação da saúde, bem-estar e sobrevida com a maior qualidade possível em suas diferentes fases. “Espero que este trabalho se multiplique”, concluiu ela.
Assessoria de Imprensa – Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA)
Fonte: Blog da Saúde