Uma pesquisa da marca Always, revelou dados alarmantes sobre sobre a relação das mulheres com o esporte. Até os 17 anos, o final da puberdade, mais da metade das meninas (53%) terá abandonado o esporte, justamente no momento em que o esporte poderia trazer maior benefício.
80% das jovens gostariam que houvessem mais modelos de mulheres nos esportes, porém o maior desafio é enfrentar o preconceito. Mulheres não são vistas como boas no esporte e 35% reclamam da falta de incentivo, inclusive dentro da família.
Maira Ranzeiro, 30, tem uma história que felizmente foge as estatísticas. Seu amor pelo esporte, mas especificamente pelo tênis de mesa, teve apoio total dos seus familiares ainda quando ela tinha 11 anos. E o resultado do investimento não poderia ser melhor. Maira foi a primeira negra a conquistar o título de Campeã Brasileira de Tênis de Mesa e atualmente é líder do ranking brasileiro. Mas ela quer ir além e motivar mais mulheres, sobretudo as negras, publicando um livro. “O esporte tem características que a gente carrega para vida”.
Ela conversou com a gente sobre como o tênis de mesa surgiu na sua vida, quem ela admira na área e planos para incentivar outras garotas a praticar o esporte.
Mundo Negro: Como o tênis surgiu na sua vida? Levando em conta que não é um esporte popular no Brasil ainda mais entre negros.
Maira: A minha família sempre gostou muito de esporte e a gente frequentava o SESC (Vila Mariana) no final de semana e aí eu comecei a brincar de Ping Pong e ganhei um campeonato. Então me indicaram para um clube só de tênis de mesa. E eu não imaginava que existia isso e foi ali que eu comecei a treinar.
MN: O que o esporte trouxe para você, em termos de títulos e conquistas no geral?
Eu jogo tênis de mesa há 19 anos, desde meus 11 anos de idade. Fui a primeira negra campeã brasileira de tênis de mesa, Tricampeã Jogos Abertos de Santa Catarina, fiquei
10 anos de seleção brasileira, fui Bicampeã latino americana, participei de dois mundiais no Japão e na Áustria, sou atual campeã brasileira, melhor do ano e primeira do Ranking brasileiro de tênis de mesa.
Quem você admirar no esporte. As mulheres negras são as que mais sofrem de hipertensão e diabetes, como a atividade física pode ser interessante para elas?
Entre as que mais admiro, tem a Ligia Silva, que é do tênis de mesa brasileiro. Ela tem três Olimpíadas e foi durante uns 10 anos a melhor do Brasil. É uma pessoa incrível com características de campeã mesmo. Fora do Brasil, no tênis, me inspiro nas irmãs Willians, principalmente na Serena. Ela abriu vários caminhos, com vários Grands Slams , ela me inspira demais.
Para nossa população negra o esporte já entra como prevenção e tem vários benefícios para saúde física e mental.
Como você pretende estimular outras mulheres e meninas? Você já faz algo atualmente?
Com as minhas conquistas eu decidi fazer um livro, que já terminei. Estou na fase de encontrar uma editora e ilustradores, para que esse livro chegue na mão de um grande número de pessoas. Esse marco de ser a primeira negra campeã, tem que ser a primeiro de muitos.
Quero falar sobre as coisas boas que o esporte traz, que são importantes para vida e que a gente adquire e treina com os esportes. E é legal ter essas referências, dessas conquistas vindas de uma mulher negra, para inspirar outras mulheres negras. Estou trabalhando fortemente nesse projeto.