A possibilidade de que uma mulher assuma a presidência dos Estados Unidos, sucedendo o primeiro negro a ter ocupado o posto, levou a questão de gênero para o centro do debate político nos Estados Unidos.
Além do apoio à candidata Hillary Clinton, sua colega do partido democrata, Barack Obama publicou no dia 4 de agosto um ensaio na revista “Glamour” em que se declara feminista e defende a importância da igualdade de gênero para construir uma sociedade feita de pessoas livres, com igual autonomia sobre suas vidas. “É importante que o pai delas [de suas filhas] seja feminista porque agora é o que elas esperam de todos os homens”, diz.
A corrida presidencial que se desenrola desde o início de 2016 tem trazido à tona o viés de gênero, seja através da cobertura midiática ou em declarações dos próprios candidatos, graças à presença de Hillary Clinton no páreo. Com a definição do embate entre Clinton e Donald Trump, esse viés ficou mais acirrado.
“Duzentos e quarenta anos depois da fundação da nossa nação, e quase um século depois de as mulheres terem finalmente conquistado o direito ao voto, pela primeira vez, uma mulher é candidata presidencial nomeada por um partido grande. Não importa qual seja sua preferência política, esse é um momento histórico para os Estados Unidos. E é só mais um exemplo de quão longe as mulheres chegaram nessa longa jornada rumo à igualdade”
O presidente americano não foi o primeiro a se pronunciar sobre a necessidade de combater a desigualdade de gênero. Quando perguntado sobre a paridade entre homens e mulheres em seus ministérios o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, respondeu “Porque estamos em 2015”.
Trudeau já havia se declarado feminista em sua conta no Twitter e disse que continuaria a se posicionar dessa forma até que a declaração não causasse estardalhaço.
Mundialmente, as mulheres têm se manifestado pela igualdade na vida pública e privada: denunciando abusos e lutando para ter os mesmossalários, direitos, e por receber um tratamento que não seja enviesado pelo gênero.
O feminismo de Obama em 4 pontos de seu artigo:
VIVEMOS UMA ÉPOCA EXTRAORDINÁRIA PARA SER MULHER
“Uma coisa que me deixa otimista por elas [as filhas] é que este é um momento extraordinário para se ser mulher. O progresso que fizemos nos últimos 100, 50 anos e, sim, mesmo nos últimos oito anos, tornou a vida significantemente melhor para as minhas filhas do que foi para as minhas avós. E digo isso não só como presidente, mas como feminista.”
AS PESSOAS MAIS IMPORTANTES DE SUA VIDA FORAM MULHERES
“As pessoas mais importantes da minha vida sempre foram mulheres. Fui criado por uma mãe solteira, que passou boa parte de sua carreira trabalhando para empoderar mulheres em países em desenvolvimento. Assisti minha avó, que ajudou a me criar, crescer na hierarquia de um banco, apenas para perceber que não poderia subir mais. Vi como Michelle teve que equilibrar as demandas de uma carreira agitada e da família.”
PRECISAMOS MUDAR A MANEIRA DESIGUAL DE CRIAR MENINOS E MENINAS
“Precisamos continuar mudando a atitude que cria nossas meninas para serem recatadas e nossos meninos para serem assertivos, que critica nossas filhas por se expressarem e nossos filhos por derramarem uma lágrima. Precisamos continuar mudando a atitude que pune as mulheres por sua sexualidade e recompensa os homens pela deles.”
COMBATER O MACHISMO TAMBÉM É RESPONSABILIDADE DOS HOMENS
“Os homens têm total responsabilidade de lutar contra o sexismo também. E como maridos, parceiros e namorados, precisamos trabalhar duro e de forma deliberada para criar relacionamentos em que haja, verdadeiramente, igualdade.”
Fonte: Nexo