Entre os 200 pesquisadores responsáveis pela descoberta, um nome chama a atenção: o de Katie Bouman. A cientista, de 29 anos, foi quem liderou a criação de um algoritmo que permitiu aos demais estudiosos capturarem a imagem do buraco negro pela primeira vez. No Facebook, ela compartilhou a felicidade com a descoberta.
“Observando, incrédula, a primeira imagem que eu já fiz de um buraco negro enquanto estava em processo de reconstrução”.
Para conseguir armazenar a imagem, que reservaram um total de 5 petabytes de informação — que equivalem a 5 milênios de músicas MP3 tocando ou selfies tiradas por 40 mil pessoas ao longo de toda a vida –, foi preciso uma “pilha de discos rígidos de dados de imagem”, manuseada por Katie, que os abraçou para essa foto, no mínimo, icônica:
O MIT (Massachusetts Institute of Technology), uma das instituições de tecnologia mais respeitas do mundo, comparou a criação de Katie à pesquisa que permitiu aos astronautas pousarem na lua, colocando sua imagem ao lado da cientista da computação do MIT Margaret Hamilton, que recebeu o crédito por ter escrito o código de software crucial que permitiu à Nasa tornar possível uma missão à Lua.
Os estudos feitos pela jovem começaram em 2016, quando começou a liderar o desenvolvimento do algoritmo. Katie conquistou o bacharelado em engenharia elétrica pela Universidade de Michigan em 2011, o mestrado em engenharia elétrica e ciência da computação pelo MIT em 2013 e doutorado na mesma área e mesma instituição em 2017.
Em entrevista ao “MIT News”, Katie explicou que tentar tirar uma foto de um buraco negro é comparável a “fotografar uma laranja na lua, mas com um radiotelescópio. Imaginar algo tão pequeno significa que precisaríamos de um telescópio com 10 mil quilômetros de diâmetro, o que não é prático, porque o diâmetro da Terra não chega a 13 mil quilômetros”.
Para contornar este desafio, o algoritmo de Bouman não depende de um único telescópio. Em vez disso, reúne dados de radiotelescópios em todo o mundo.
Atualmente, Katie Bouman está lecionando no Caltech (California Institute of Technology), em Pasadena. Seu foco de pesquisa é “projetar sistemas que integram fortemente algoritmo e design de sensor, tornando possível observar fenômenos anteriormente difíceis ou impossíveis de medir com abordagens tradicionais”.
Fonte: UOL