A luta pelo fim da violência contra mulheres e jovens negras, refugiadas e de minorias étnicas mobiliza Marai Larasi há mais de 20 anos. Ativista em mídia, juventude, gênero e violência, ela é diretora executiva da Imkaan, organização não governamental feminista negra, sediada no Reino Unido. Marai será uma das palestrantes do I Seminário Internacional Cultura da Violência contra as Mulheres, que ocorrerá entre 20 e 21 de maio, em São Paulo.
A Imkaan atua com o conceito de feminismo negro, que oferece uma análise interseccional sobre o sexismo sofrido pelas mulheres negras combinado ao racismo. “Nossas lutas antiracistas são tão importantes quanto nossas batalhas contra o patriarcado”, destaca Marai. “Feminismo negro nos proporciona uma formação e guia de como enquadrar nosso trabalho, como desafiamos a opressão e como imaginamos e trabalhamos em direção a um mundo de igualdade para todos nós”, completa.
Marai menciona que mulheres e meninas negras, jovens e de minorias étnicas experimentam as mesmas violências que todas as outras mulheres, mas sofrem ataques específicos relacionados a sua condição racial.
No Brasil, as mulheres negras são vítimas de mais de 60% dos assassinatos de mulheres no país, segundo o Ipea. Somado a esse dado, informações do Ministério da Justiça revelam que das 130 vítimas de tráfico de pessoas identificadas em 2012, 42% delas eram mulheres pretas ou pardas e 65% tinham até 29 anos.
As mulheres negras são ainda 60% das mães mortas durante partos no SUS, de acordo com o Ministério da Saúde. Além disso, segundo estudo publicado em agosto de 2014 pelo Laboratório de Análises Estatísticas, Econômicas e Sociais das Relações Sociais do Instituto de Economia da UERJ o rendimento médio das mulheres pretas e pardas chegava a ser até 140% menor que o de homens brancos no País
A palestra de Marai Larasi abrirá o eixo “Juventude e a Cultura da Violência contra as Mulheres”, que contará em seguida com o painel composto pela professora do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Maria Luiza Heilbor; pelo professor de antropologia da Brown University, Matthew Gutmann; e pela professora de antropologia da Universidade de São Paulo, Heloísa Buarque.
Confira a programação completa do Seminario
Fonte: Patrícia Agência Galvão