Dados recentes do Ministério da Saúde mostraram que o Acidente Vascular Cerebral, popularmente conhecido como derrame, faz mais vítimas do que o câncer de mama no País
São Paulo, junho de 2017 – Quando falamos de doenças que afetam mais a saúde das mulheres do que dos homens, pensamos logo em câncer de mama por conta da alta incidência da doença, além do tema ser amplamente divulgado. Porém, dados do Ministério da Saúde, levantados pelo Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) em 2010 e tabulados em 2012, revelaram que o Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocasionou a morte de mais mulheres do que esse tipo de câncer, lembrado como a principal ameaça à saúde feminina.
O AVC, popularmente conhecido como derrame, pode ser isquêmico ou hemorrágico. Segundo o Dr. Alexandre Pieri, neurologista e doutor em neurologia vascular pela Unifesp, 85% dos casos de derrame são isquêmicos, quando há o entupimento de uma artéria, impedindo a passagem de oxigênio para as células cerebrais e provocando o desligamento de suas funções. “Já os outros 15% são hemorrágicos. Neste caso, há o rompimento de uma artéria dentro do cérebro, ocasionando sangramento e inchaço no local”, esclarece o especialista.
Apesar de o AVC ser mais comum em homens, a população em que o número de casos mais aumenta, proporcionalmente, é a de mulheres jovens. “Uma das hipóteses para explicar esse dado é a mudança no estilo de vida das mulheres nos últimos anos, com a grande exposição a fatores de risco cardiovasculares, como a má alimentação, estresse, pressão alta e diabetes”, pontua Dr. Pieri.
Para o neurologista, é importante ficar atento aos sintomas do AVC, que incluem assimetria facial, perda de força de um dos braços, fala enrolada, dificuldade de compreensão, falta de sensibilidade e alterações visuais. Ao detectar esses sinais, é de extrema urgência que o paciente seja atendido em um hospital para evitar possíveis sequelas graves, como dificuldade de movimentação, linguagem, visual e até mesmo comportamental – dependendo da área do cérebro afetada pelo acidente.
“Essa relação é simples: no caso do AVC isquêmico, o mais comum na população, quanto mais tempo a artéria obstruída impedir a passagem de oxigênio para determinada área do cérebro, mais as células locais irão morrer, aumentando e intensificando a chance de sequelas”, explica ele.
Hoje, para essa forma de AVC, existe um tratamento injetável altamente eficaz, chamado de trombolítico. Segundo o especialista, estudos mostram que em até 4h30 após o início dos sintomas, o paciente que recebe esse tratamento, logo que chega ao hospital capacitado, tem grandes chances de reversão em seu quadro.
Quando se trata de prevenção, é importante saber que alguns fatores de risco para o acontecimento do derrame não são evitáveis, como o aumento da idade. Porém, a maioria deles pode ser modificável e tratável, como o colesterol, tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, dieta pobre em verduras e legumes, sedentarismo, estresse e circunferência abdominal aumentada.
“Precisamos entender o AVC não como uma doença, mas sim como o resultado final de diferentes enfermidades. Muitas vezes, o derrame acomete a família não por causas genéticas, mas por hábitos que são seguidos em conjunto. Por isso, a melhor forma de evitá-lo é fazendo o controle dos fatores de risco desde a infância”, finaliza o Dr. Alexandre Pieri.
Fonte: Segs